Ecologistas exigem fim do comércio de barbatanas de tubarão na União Europeia

Ecologistas exigem fim do comércio de barbatanas de tubarão na União Europeia

23 de Novembro, 2020 0

Tubarão

POR JORGE SÁ | 23 de novembro de 2020, 22:00

Um grupo de organizações ambientalistas e cidadãos europeus tem em curso uma iniciativa de cidadania para exigir o fim do comércio de barbatanas de tubarão na União Europeia (UE).

“Apesar da proibição de remoção das barbatanas a bordo de navios da UE e nas águas da UE, e da obrigação de desembarque dos tubarões com as barbatanas unidas ao corpo, a UE é um dos maiores exportadores de barbatanas e uma importante plataforma de trânsito para o comércio mundial de barbatanas”, lê-se no site da iniciativa divulgada na passada terça-feira.

Em comunicado, a representação em Portugal da organização internacional Sea Shepherd, uma das promotoras da iniciativa, explica que o regulamento atualmente em vigor exige que as barbatanas permaneçam no corpo dos tubarões até à descarga no porto de pesca, mas as barbatanas podem depois ser separadas e comercializadas.

“Apesar de ser um grande passo em relação à legislação anterior, a lei em vigor ainda permite que as barbatanas sejam vendidas, compradas e transportadas na UE pelos pescadores da UE para alimentar a forte procura do mercado asiático”, denunciam.

Este comércio, explica a organização, baseia-se na prática chamada “finning”, que consiste no corte das barbatanas dos tubarões, sendo que muitas vezes o animal é depois devolvido ao oceano ainda com vida, acabando por morrer lentamente por asfixia uma vez que, na grande maioria das espécies, os tubarões necessitam de nadar para poderem respirar.

Não obstante o “finning” ser proibido pela legislação europeia, a iniciativa denuncia que a Europa ainda está entre os membros mais ativos do comércio internacional de barbatanas de tubarão, que em países asiáticos, sobretudo na China, são consideradas uma especialidade gastronómica.

Sublinhando a importância dos tubarões na preservação de ecossistemas marinhos saudáveis e produtivos, a Sea Shepherd Portugal defende que a UE deve seguir o caminho de países como o Canadá, que, em 2019, se tornou o primeiro membro do G7 a banir a importação de barbatanas de tubarão.

“Numa altura em que a comunidade científica frequentemente chama a atenção para o rápido declínio da biodiversidade e os riscos associados com as alterações climáticas, a única opção é alterar os nossos padrões de produção e consumo. Está na altura de acabar com o comércio de barbatanas de tubarão na Europa”, realça a Sea Shepherd Portugal no comunicado.

A iniciativa de cidadania europeia “Stop Finning — Stop the Trade” pretende reunir um milhão de assinaturas em países europeus até julho de 2021.

Até agora, 131 901 cidadãos do Velho Continente já subscreveram o abaixo-assinado. Em Portugal, que tem de chegar às 15 771 assinaturas, metade do objetivo (52,1 por cento) já foi cumprido, refere a Sea Shepherd Portugal.

Segundo estimativas da organização, anualmente são capturados entre 63 e 273 milhões de tubarões, a grande maioria para lhes serem retiradas as barbatanas.

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