Na Bélgica, os trabalhadores vão poder escolher se querem trabalhar quatro ou cinco dias por semana. O Governo deu luz verde, no dia 15 de fevereiro, a um novo acordo que pretende trazer flexibilidade ao “mercado de trabalho rígido”.

Segundo Alexander De Croo, o primeiro-ministro da Bélgica, a pandemia levou as pessoas a trabalharem com mais flexibilidade e a encontrarem um equilíbrio entre a vida privada e profissional. “Encontramos novas maneiras de trabalhar”, afirmou.

Se os sindicatos concordarem, os trabalhadores podem comprimir a semana de trabalho em quatro dias, mantendo o número de horas trabalhadas por semana (tendo de trabalhar dez horas diárias, em vez de oito), para poderem ter mais um dia de fim-de-semana e ganharem o mesmo salário ao fim do mês.

Os belgas podem também optar por trabalhar mais durante uma semana e menos na seguinte, o que permite que as pessoas façam uma melhor gestão da vida profissional e privada.

A semana de quatro dias e o regime semanal variável são opções do trabalhador, que fará pedidos por períodos renováveis de seis meses. O empregador só pode recusar apresentando uma justificação escrita.

O objetivo das reformas belgas no mercado de trabalho é, segundo o primeiro-ministro, criar uma economia mais dinâmica e produtiva e dar mais liberdade ao trabalhador.

Este modelo foi testado na Islândia, entre 2015 e 2019, com sucesso, e a produtividade dos trabalhadores manteve-se ou aumentou na maioria dos casos. Hoje em dia, 86% dos trabalhadores islandeses trabalham menos horas pelo mesmo salário.

Na Escócia, foi iniciado um teste de seis meses, em janeiro, para uma semana de quatro dias, com um fundo de mais de um milhão de euros disponibilizado pelo governo às empresas participantes. A comissária das gerações futuras do País de Gales, Sophie Howe, já pediu que o executivo galês disponibilize essa opção aos trabalhadores do sector público.

Testes semelhantes vão começar este ano no Canadá e na Austrália.

Em Portugal, António Costa lançou a semana dos quatro dias na campanha eleitoral. No programa, o PS propôs: “combater a precariedade através das medidas da Agenda do Trabalho Digno, que põe travões ao trabalho temporário. Lançar o debate sobre novas formas de organização do trabalho, incluindo modelos híbridos de teletrabalho e a semana de trabalho de quatro dias, também com o objetivo de promover o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional e aumentar a natalidade”.

O relatório britânico “Stop the Clock”, publicado em maio de 2021, afirma que o ambiente beneficia de semanas de trabalho mais curtas.