Preços dos alimentos atingem novo recorde segundo a FAO
O índice de preços dos alimentos da Organização para a Alimentação e a Agricultura das Nações Unidas (FAO) atingiu em março o valor mais alto desde que foi criado em 1990.
Em março, os mercados começaram a sentir o verdadeiro impacto da invasão da Ucrânia pela Rússia. A Ucrânia é um grande exportador de trigo, milho e de óleo de girassol e a Rússia de trigo e fertilizantes.
Os preços dos cereais
Os preços mundiais do trigo subiram 19,7% em março e do milho 19%, atingindo um máximo histórico juntamente com a cevada (mais 27%) e o sorgo (mais 17%).
Os preços dos óleos vegetais
A ausência da Ucrânia no fornecimento de óleo de girassol ao resto do mundo está a levar à procura de substitutos, levando à subida de preços de outras sementes e oleaginosas.
Os preços do óleo de palma, soja e colza também aumentaram acentuadamente em resultado dos preços mais elevados do óleo de girassol e do petróleo bruto, e os preços do óleo de soja são motivo de preocupação devido à redução das exportações da América do Sul.
Os impactos no mundo
“Quarenta por cento das exportações de trigo e milho da Ucrânia vão para o Oriente Médio e a África, que já estão a enfrentar problemas de fome e onde a escassez de alimentos ou o aumento de preços podem provocar agitações sociais”, disse Gilbert Houngbo, chefe do Fundo Internacional para Agricultura Desenvolvimento.
A esta situação junta-se o aumento dos preços da energia. Os preços globais do petróleo estão quase 60% mais altos do que há um ano. O custo do carvão e do gás natural também aumentou.
Muitos governos têm de momento economias frágeis e por isso fizeram empréstimos para sobreviver à crise financeira de 2008 e à pandemia e por isso estão ainda mais vulneráveis.
“Estamos agora numa situação em que os países estão endividados”, disse Rabah Arezki, ex-economista-chefe do Banco Africano de Desenvolvimento. “Como resultado, não têm amortecedores para tentar conter as tensões que poderão surgir com preços tão altos.”
Segundo o Banco Mundial, cerca de 60% dos países mais pobres “já estavam em situação de sobre-endividamento ou em alto risco” antes da invasão da Ucrânia.