O que vai mudar na moda para a tornar mais sustentável?
Decorreu ontem, 13 de outubro, no Porto, a Conferência “Sustainability meets Competitiveness” organizada pela Euratex, confederação têxtil da Europa, e a ATP – Associação Têxtil e Vestuário de Portugal. O tema da conferência foi a Sustentabilidade e a Competitividade.
A ATP lançou, durante a conferência, a sua nova revista ‘The Green Materials From Portugal’ que tem como objetivo destacar os materiais e processos sustentáveis desenvolvidos pelo sector têxtil e vestuário em Portugal.
Esta publicação, criada no âmbito do projeto Sustainable Fashion From Portugal, surge na continuidade das edições anteriores ‘The Green Wave From Portugal’ e ‘The Green Book’.
Estratégia Têxtil Europeia
Em março, a Comissão Europeia apresentou a Estratégia Têxtil Europeia que pretende tornar a indústria têxtil mais sustentável.
O consumo de têxteis na União Europeia (UE) é o fator que tem o quarto maior impacto no ambiente, é o terceiro em termos de utilização dos recursos hídricos e dos solos e o quinto em termos de utilização de matérias-primas primárias e de emissões de gases com efeito de estufa.
A visão para os têxteis em 2030 da Comissão Europeia é a seguinte:
- todos os produtos têxteis colocados no mercado europeu devem ser duradouros, reparáveis e recicláveis, fabricados em grande parte com fibras recicladas, livres de substâncias perigosas e produzidos respeitando direitos sociais e o ambiente
- «a moda descartável está fora de moda» e os consumidores podem desfrutar mais tempo de produtos têxteis de alta qualidade e a preços acessíveis
- estão amplamente disponíveis serviços de reutilização e reparação rentáveis
- o setor têxtil é um setor competitivo, resiliente e inovador, sendo os produtores responsáveis pelos seus produtos ao longo de toda a cadeia de valor e existem suficientes capacidades de reciclagem e incineração e deposição em aterro
Ações
A Comissão:
- estabelecerá requisitos de conceção para os têxteis, a fim de os tornar mais duradouros e mais fáceis de reparar e reciclar
- divulgará informações mais claras sobre os têxteis e introduzirá um passaporte digital dos produtos
- capacitará os consumidores e combaterá o branqueamento ecológico (greewashing), garantindo a exatidão das alegações ecológicas das empresas
- porá termo à sobreprodução e ao consumo excessivo e desencorajará a destruição de têxteis não vendidos ou devolvidos
- harmonizará a legislação europeia em matéria de responsabilidade alargada dos produtores do setor têxtil e de incentivos económicos para tornar os produtos mais sustentáveis
- combaterá a libertação não intencional de microplásticos dos têxteis sintéticos
- enfrentará os desafios da exportação de resíduos têxteis e adotará, até 2023, um conjunto de instrumentos da UE contra a contrafação
- publicará até ao final de 2022 uma trajetória de transição, isto é, um plano de ação para que os intervenientes no ecossistema têxtil realizem eficazmente as transições ecológica e digital e aumentem a sua resiliência.