O que são os plásticos flexíveis e porque são complicados?
O UniPlanet pediu à Patrícia Carvalho, coordenadora do Pacto Português para os Plásticos, para nos falar sobre plásticos flexíveis e sobre os objetos descartáveis de plástico.
UniPlanet: O que são os plásticos flexíveis e porque são complicados?
Patrícia Carvalho: Os plásticos podem ser categorizados em plásticos rígidos ou em plásticos flexíveis, sendo que estes últimos são aqueles que têm capacidade de se adaptar à forma, isto é, curvar ou dobrar. Exemplos são as embalagens de snacks, batatas fritas, arroz ou massa, entre outros.
Atualmente, os plásticos flexíveis constituem a categoria que mais tem crescido e também aquela que apresenta mais barreiras à economia circular, pois tratam-se essencialmente de plásticos de uso único, com baixa capacidade de reciclagem e elevados níveis de vazamento para a natureza, dada a sua leveza e tamanho.
As soluções de reciclagem destes plásticos são muitas vezes limitadas, dado o tamanho reduzido dos itens, a mistura de vários materiais e a presença de contaminantes, como tintas e autocolantes.
Deve, no entanto, destacar-se que Portugal foi pioneiro na reciclagem dos plásticos flexíveis, nomeadamente de filmes de polietileno, os quais se costumam utilizar para embalamento de paletes, por exemplo. Mesmo nas outras tipologias de plásticos flexíveis, Portugal foi também pioneiro, incluindo os flexíveis, que não filmes de polietileno superiores a A4, nos Plásticos Mistos.
No entanto, a reciclagem dos Plásticos Mistos, não é uma reciclagem em upcycling e não garante que os produtos reciclados possam ter o mesmo fim ou utilização de valor similar.
É necessário procurar soluções que minimizem a utilização de alguns destes materiais, tais como dos sachets (embalagens de plástico flexível de pequena dimensão utilizadas para o embalamento de molhos individuais, por exemplo), folhas separadoras de plástico para uso alimentar (presentes nas embalagens de enchidos, queijos), entre outros.
As soluções podem passar pela eliminação dos produtos em causa, pela melhoria das condições e da tecnologia para a reciclagem ou pela adoção de novos modelos de negócio, como a reutilização.
Apesar disso, deve sempre ser realizada uma avaliação caso a caso, por forma a que as alternativas encontradas sejam mais sustentáveis, do ponto de vista ambiental e económico.
UniPlanet: Por enquanto a reciclagem dos plásticos é apenas para as embalagens. Que soluções poderiam ser criadas para os objetos descartáveis de plástico, como as escovas de dentes ou as giletes que não podemos colocar no ecoponto amarelo?
Patrícia Carvalho: De uma maneira geral, apenas o ecoponto azul permite a deposição de materiais que não são embalagens. Os materiais depositados no ecoponto amarelo e no ecoponto verde devem ser embalagens, isto é, produtos feitos de materiais de qualquer natureza utilizados para conter, proteger, movimentar, manusear, entregar matérias-primas ou produtos transformados.
No caso do plástico, as embalagens são a categoria mais produzida e também aquela mais encontrada sob a forma de resíduos e que se encontra ao obrigo da responsabilidade alargada do produtor.
As embalagens de plástico devem ser depositadas no ecoponto amarelo pelo consumidor, por forma a que sigam o seu caminho até à reciclagem, dando origem a uma nova embalagem ou produto.
Existem produtos que não são embalagens que podem ser entregues em ecocentros, ou seja, em parques de grandes dimensões espalhados pelo país, como baldes, alguidares, bidões, brinquedos, entre outros.
Os objetos como escovas de dentes ou giletes, devem ser depositados no contentor dos resíduos indiferenciados. Começam a surgir algumas opções alternativas a estes materiais descartáveis, como sendo produtos reutilizáveis, através de projetos de investigação e inovação.
Desta forma, a colaboração entre todos os elos da cadeia de valor é essencial, nomeadamente indústria, academia, centros de investigação, ONGs, Governo, entre outros, por forma a que se caminhe rumo a uma economia mais circular.
Foto: Pixabay