Portugal: há plantações ilegais de abacates em áreas protegidas
Milhares de abacateiros foram plantados de forma “ilegal” em Lagos (128 ha), na Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António (30 ha) e no Parque Natural da Ria Formosa. Os projetos foram chumbados pelas autoridades ambientais, mas já depois de estarem plantados em áreas protegidas e um deles em cima da principal reserva de água de uma das zonas mais secas do Algarve.
São dezenas de milhares de árvores plantadas e cada uma consome 50 a 60 litros de água por dia, num Algarve que é alvo frequente de secas. Até no inverno os abacateiros precisam de água para não serem afetados pelas geadas.
A escassez de água fez chumbar, em abril de 2021, a plantação de abacates em Lagos com 128 hectares, em cima do mais importante aquífero desta zona do Algarve. “O volume de água a extrair do aquífero para a rega de 128 hectares de abacates irá pôr em risco a massa de água como reserva estratégica para abastecimento público, nomeadamente em anos secos a extremamente secos”, pode ler-se na Declaração de Impacto Ambiental.
Matos Fernandes, o Ministro do Ambiente da época, afirmou no Parlamento que “a plantação de abacates em Lagos foi feita de forma ilegal” e que “esta cultura intensiva é inadequada para disponibilidade hídrica do Algarve”.
Como os abacateiros são uma espécie exótica estão também a violar o Plano de Ordenamento da Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António.
Os processos nos tribunais arrastam-se e os abacateiros que deviam ser arrancados continuam de pé. O Estado tem tido dificuldades em controlar estes abacates, a fruta a que também se chama “ouro verde”. O dono da empresa Frutineves, do projeto de Lagos, chegou mesmo a afirmar que o caso iria andar “10 a 20 anos” nos tribunais.
Podem ver a reportagem “A lei do abacate” da TVI aqui.
Foto: Pixabay
Vejam também:
Apetite dos europeus por abacates deixa rios e populações sem água no Chile