Portugal votou hoje a favor de reduzir a proteção dos lobos

Portugal votou hoje a favor de reduzir a proteção dos lobos

25 de Setembro, 2024 0

Os Estados-membros da União Europeia aprovaram hoje, 25 de setembro, a redução do nível de proteção dos lobos, de espécie “estritamente protegida” para espécie “protegida”. A proposta passou com maioria qualificada, incluindo o voto favorável de Portugal, sendo que apenas a Espanha e a Irlanda terão votado contra.

A diminuição do nível de proteção poderá vir a facilitar o abate dos lobos, uma medida que é apoiada pelo setor agrícola.

Esta decisão deverá ser ratificada amanhã, 26 de setembro, em sede de Conselho da UE, e depois terá de ser aceite pelo Secretariado da Convenção de Berna sobre a Conservação da Vida Selvagem e dos Habitats Naturais da Europa.

A associação portuguesa ANP/WWF afirmou que hoje era “um dia triste para a natureza” e que, “em vez de procurar soluções e investir mais em medidas preventivas, a UE opta por permitir a caça ao lobo”. A organização Eurogroup For Animals criticou que a redução da proteção “se for adotada pela Convenção de Berna, facilitará o abate de lobos e enviará uma mensagem dramática sobre o futuro da conservação e da coexistência com animais selvagens“.

Os impactos futuros desta medida de acordo com a ANP/WWF:

  • Desequilíbrio nos ecossistemas: Os lobos ajudam a controlar as populações de herbívoros, como veados e javalis. Sem eles, essas espécies podem aumentar sem controlo, não deixando a floresta crescer.
  • Aumento de doenças: Os lobos caçam presas vulneráveis e doentes, o que ajuda a evitar a propagação de doenças que podem afetar pessoas e outros animais.
  • Mais conflitos com humanos: Quando há mais caça ao lobo, as tensões com as comunidades podem aumentar, porque as alcateias ficam destabilizadas.
  • Prejuízos agrícolas e na pecuária: Reduzir a proteção do lobo não vai diminuir os possíveis ataques a rebanhos. A solução está em medidas preventivas.
  • Aumento da caça ilegal: Menos proteção pode incentivar práticas ilegais, tornando a situação ainda mais difícil de controlar.
  • Perda de biodiversidade e mudanças na cadeia alimentar: Sem predadores, a saúde dos ecossistemas sofre e este desequilíbrio pode levar ao desaparecimento de outras espécies de animais e plantas.
  • Extinção da espécie: Esta decisão pode levar à extinção do lobo em várias regiões da Europa, revertendo décadas de progresso em conservação.

A ministra do Ambiente e Energia de Portugal, Maria da Graça Carvalho, afirmou que, apesar de ter apoiado a proposta, o Governo português pretende manter a proteção do lobo-ibérico em Portugal.

Em Portugal, estima-se que haja entre 200 a 400 lobos, o que representa cerca de 15% da população ibérica de lobos.

 

Foto: Pixabay

 

 

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