Vitória: Escócia proíbe armadilhas de laço
No dia 25 de novembro de 2024, entrou em vigor na Escócia a proibição total do uso de armadilhas de laço. A medida, aprovada em março no âmbito do Wildlife Management and Muirburn (Scotland) Act 2024, marca um avanço significativo na proteção da vida selvagem e no combate a práticas consideradas cruéis e arcaicas.
A decisão é celebrada por organizações como a League Against Cruel Sports e OneKind, que há décadas lutam para banir essas armadilhas. Na realidade, os laços são dispositivos indiscriminados e cruéis, que capturam não apenas os predadores pretendidos, mas também espécies não-alvo, incluindo animais domésticos.
Uma mudança sem precedentes na gestão da vida selvagem
A proibição foi anunciada oficialmente por Jim Fairlie, Ministro da Agricultura, que confirmou que, a partir de 25 de novembro de 2024, passou a ser ilegal utilizar armadilhas de laço para capturar ou matar animais selvagens. Embora a posse de armadilhas não seja proibida, a prática de as colocar no terreno será punida.
Organizações de caça, como a GWCT (Game & Wildlife Conservation Trust), manifestaram a sua oposição à nova legislação, defendendo as armadilhas como “ferramentas importantes” para o controlo de predadores. No entanto, a proibição foi amplamente defendida por evidências de que estas práticas são incompatíveis com padrões modernos de bem-estar animal e gestão sustentável da vida selvagem.
Campanhas e celebrações
A aprovação da lei foi recebida com entusiasmo por ativistas e partidos como os Verdes Escoceses, que desempenharam um papel crucial no processo. A deputada Ariane Burgess destacou:
“É uma vitória da qual os defensores dos direitos dos animais se devem orgulhar. Sem a sua pressão a pedir que todas as armadilhas fossem proibidas, a nossa vida selvagem ainda estaria sujeita a esta crueldade… A Escócia introduziu as leis mais robustas sobre a caça com cães no Reino Unido, e continuaremos a fazer campanha pelo fim dos desportos sangrentos cruéis entre espécies e crimes contra a vida selvagem que não têm lugar na nossa sociedade moderna.”
A organização OneKind comemorou o momento histórico com um evento em frente ao Parlamento Escocês. O diretor Bob Elliot afirmou:
“Hoje é um dia histórico para a Escócia. Depois de décadas de campanha pela proibição, estamos entusiasmados porque a partir de hoje o uso de armadilhas é ilegal.” E continuou: “Há catorze anos estivemos neste mesmo local, com um sinal muito semelhante, para encorajar o governo escocês e o público a imaginar uma Escócia livre de armadilhas. Hoje, estamos entusiasmados por isto já não ser uma visão, mas uma realidade.”
Impacto e próximos passos
A Escócia junta-se ao País de Gales, que já havia proibido o uso de laços em 2023. Estas proibições, juntamente com medidas semelhantes em Guernsey, representam um forte movimento contra práticas que afetam cerca de 1,7 milhões de animais anualmente no Reino Unido.
A Inglaterra continua a resistir à implementação de uma proibição nacional. As organizações de proteção animal apelam ao governo trabalhista para que cumpra a promessa de proibir os laços no território inglês.
Com as campanhas a ganharem força e o apoio crescente do público, os defensores dos direitos dos animais esperam que o exemplo escocês inspire ações semelhantes em toda a Grã-Bretanha. A mensagem é clara: práticas cruéis como o uso de armadilhas de laço não têm lugar numa sociedade que valoriza o bem-estar animal e a coexistência sustentável com a vida selvagem.