Nanoplásticos colocam em risco o funcionamento dos ecossistemas de água doce

Nanoplásticos colocam em risco o funcionamento dos ecossistemas de água doce

15 de Fevereiro, 2022 0

Uma equipa de cientistas da Universidade de Coimbra (UC), em colaboração com a Universidade de Aveiro (UA) e a Konkuk University (Coreia do Sul), identificou os possíveis impactos causados por baixas concentrações de nanoplásticos em ecossistemas de água doce e concluiu que concentrações ambientalmente relevantes de nanoplásticos representam um grande risco para o funcionamento dos ecossistemas de pequenos ribeiros.

Os nanoplásticos são fragmentos de plástico com tamanho menor que 1000 nm (nanómetros) – aproximadamente o tamanho de um vírus – usados por indústrias farmacêuticas, de cosmética e produtos de limpeza, podendo também ser derivados da degradação dos macroplásticos que usamos no nosso dia a dia.

A equipa do estudo realizou um ensaio em laboratório com as menores concentrações de nanoplásticos já testadas, até 25 μg/L [microgramas por litro], com dois tamanhos (100 e 1000 nm [nanómetros]). O objetivo foi avaliar os impactos dos nanoplásticos na atividade (decomposição da matéria orgânica), taxa de reprodução e alterações na comunidade de hifomicetes aquáticos (fungos). Além disso, verificou as alterações na qualidade nutricional das folhas expostas aos nanoplásticos.

Em pequenos ribeiros, a decomposição da matéria orgânica é um processo crucial, responsável pela transferência de energia e nutrientes entre os diversos níveis da cadeia alimentar. Os hifomicetes aquáticos (fungos) são os principais mediadores desse processo. Estes fungos são capazes de modificar os componentes da folha, melhorando assim a sua palatabilidade e qualidade nutricional para consumo de invertebrados.

Os resultados obtidos indicam que “a decomposição, reprodução e a abundância dos fungos são significativamente afetadas por baixas concentrações e tamanho dos nanoplásticos; as partículas de menor tamanho demonstram maior toxicidade”, afirmou Seena Sahadevan, investigadora do estudo. Curiosamente, “apenas os nanoplásticos de menor tamanho impactaram a qualidade nutricional das folhas, aumentando a quantidade de ácidos gordos polinsaturados”.

A principal preocupação com estes fragmentos plásticos nanométricos é a alta capacidade de interação e reação com outras moléculas e organismos presentes no ambiente. Atualmente, a grande maioria dos estudos que abordam “as consequências dos micro e nanoplásticos na natureza são realizados em ambientes marinhos. No entanto, é importante ressaltar que 1,15 – 2,41 milhões de toneladas dos plásticos presentes nos oceanos são transportados através dos rios”, recordam os autores do estudo.

 

Foto: © Fundo Verde

Comentários
Siga-nos no Facebook, Instagram e Telegram!

Subscreva a nossa newsletter

[Newsletter Semanal]

Deixe um comentário