Durante uma visita recente que fizemos à Jyväskylä University of Applied Sciences, na Finlândia, encontrámos um sistema simples, mas muito eficaz de sensibilização para o desperdício alimentar. Na cantina da universidade, os estudantes e funcionários são convidados a deitar os restos de comida num recipiente próprio com balança integrada.

O ecrã digital afixado por cima do balde mostra, o peso total dos resíduos alimentares acumulados durante o dia anterior — e traduz esse número no equivalente em refeições desperdiçadas. No dia da nossa visita, o ecrã indicava que tinham sido desperdiçados 6,2 kg de comida, o que correspondia a cerca de 12 refeições completas.

“Edellisen päivän hävikkimme” — ou “O nosso desperdício de ontem”, lê-se no ecrã.

Este tipo de abordagem torna o problema do desperdício alimentar mais visível e tangível, ao transformar números abstratos em algo concreto e compreensível para todos: pratos que podiam ter sido servidos. E, sendo os próprios utentes a deitar fora os restos, este momento de ação direta ajuda a promover a consciencialização e a mudança de comportamento.

Tecnologia como aliada contra o desperdício

Esta não é uma ideia isolada. A Google, por exemplo, instalou sistemas semelhantes nas suas cafetarias, como a de Paris, onde se mostra diariamente o peso de resíduos alimentares, recicláveis e outro lixo. O objetivo é o mesmo: sensibilizar e ajudar a reduzir gradualmente o desperdício.

Nos Estados Unidos, investigadores da Oregon State University estão a desenvolver um caixote de compostagem inteligente que pesa automaticamente os resíduos alimentares domésticos e identifica-os com recurso a reconhecimento de voz e imagem. O objetivo é criar uma base de dados que ajude a investigar padrões de desperdício e a criar soluções para o problema.

Desperdício alimentar: um problema global com soluções locais

Cerca de um terço de todos os alimentos produzidos no mundo acaba por ser desperdiçado — um escândalo ético e ambiental, especialmente quando muitas pessoas continuam a passar fome.

Soluções como a da cantina de Jyväskylä mostram que pequenas ações com recurso a tecnologia acessível podem ter um grande impacto. Ao dar visibilidade ao desperdício, promovem a reflexão e incentivam escolhas mais responsáveis.

Quem sabe se mais universidades — e até escolas, hospitais ou cantinas de empresas — não seguirão este exemplo?