Reino Unido quer que fabricantes de embalagens paguem pela poluição plástica que geram
O Ministério do Ambiente, Alimentação e Assuntos Rurais do Reino Unido (Defra, na sigla em inglês) apresentou, no final de 2018, uma nova estratégia relativa aos resíduos, que quer pôr os fabricantes de embalagens do país a pagar a totalidade dos custos da recolha e reciclagem dos resíduos gerados pelos seus produtos. Atualmente, as empresas pagam apenas 10% das despesas da reciclagem.
Segundo estes planos, os supermercados e as outras lojas poderiam ficar sujeitos a multas por colocarem no mercado embalagens difíceis de reciclar, e os produtores e vendedores poderiam ser forçados a pagar os custos da limpeza do seu lixo.
Estas medidas destinam-se a fazer o “poluidor pagar” e a superar as metas estabelecidas pela União Europeia.
“A nova estratégia é ambiciosa”, disse Dustin Benton, do grupo de investigação Green Alliance. “Se for implementada, acabará com o escândalo de os produtores pagarem apenas 10% dos custos dos resíduos que colocam no mercado [e] proporcionará às famílias uma recolha eficaz da reciclagem e dos resíduos alimentares.”
Entre os objetivos apresentados na estratégia também se encontram a introdução de um imposto sobre o plástico de uso único com menos de 30% de conteúdo reciclado, a criação de um sistema de incentivo à devolução e depósito de garrafas e latas e a recolha semanal dos resíduos alimentares em todas as casas.
“A ‘Responsabilidade Alargada do Produtor’ é uma abordagem política ambiental poderosa através da qual a responsabilidade de um produtor por um produto é estendida até à fase pós-uso. Isto incentiva os produtores a desenvolverem os seus produtos por forma a que sejam mais fáceis de reutilizar, desmontar e/ou reciclar no final da vida útil”, lê-se no texto da estratégia do Defra.
“[Esta abordagem] foi adotada em muitos países um pouco por todo o mundo, numa ampla gama de produtos, para alcançar taxas mais elevadas de recolha, reciclagem e recuperação.”
Os planos apresentados em dezembro pelo ministério serão, brevemente, objeto de consulta. O Defra afirmou que pretende ter novas leis em vigor até 2023.
“Juntos podemos deixar de ser uma sociedade do descartável e passar a ser uma que encara os resíduos como um recurso de valor”, disse o ministro britânico do Ambiente, Michael Gove.
“Cortaremos a nossa dependência dos plásticos de uso único, acabaremos com a confusão quanto à reciclagem doméstica, lidaremos com o problema das embalagens ao fazer os poluidores pagar e acabaremos com o escândalo económico, ambiental e moral que é o desperdício alimentar.”