Sérvia proíbe quintas de produção de peles de animais, salvando 12 mil chinchilas por ano
Entrou em vigor, na Sérvia, a proibição da criação de animais para a produção de peles, após um período de transição de 10 anos.
Desde a adoção da Lei do Bem-Estar Animal de 2009, a proibição das quintas de produção de peles enfrentou uma feroz oposição por parte da indústria. Esta situação culminou num debate, em junho do ano passado, sobre a anulação da proibição, em sessão pública.
O governo sérvio, contudo, acabou por escutar os apelos do público e dos grupos de defesa dos direitos dos animais, pondo fim à prática.
“Com a aplicação da Lei do Bem-Estar Animal de 2009, que torna ilegal manter, reproduzir, importar, exportar e matar animais apenas para a produção de peles, foi finalmente alcançada uma grande vitória”, disse Snezana Milovanovic, diretora da organização sérvia de proteção animal Freedom for Animals, que lutou por esta proibição ao longo dos últimos 15 anos.
As chinchilas eram os únicos animais criados na Sérvia para este propósito. No final do período de transição, cerca de 12 mil destes animais eram mortos anualmente nas quintas de produção de peles.
“O sistema intensivo de gaiolas em bateria usado nas quintas de produção de peles priva as chinchilas da oportunidade de exibirem o seu comportamento natural – como correr ou saltar – e causa problemas graves em termos de bem-estar. Estudos internacionais têm mostrado que são muito comuns, nestas quintas, as perturbações comportamentais relacionadas com o stress”, explicou a Fur Free Alliance, uma coligação de organizações de proteção animal.
A procura por peles de chinchila, juntamente com outros fatores, colocou este roedor em risco de extinção. As chinchilas encontram-se atualmente classificadas como “em perigo” na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da UICN e as suas populações continuam em declínio.
Apesar disso, milhares de chinchilas continuam a ser criadas comercialmente por causa das suas peles em vários países europeus – incluindo a Polónia, a Hungria e a Dinamarca – e na América do Sul (Brasil e Argentina).
Há cada vez mais países a banirem a criação de animais para a utilização das suas peles. No ano passado, a Noruega, a Bélgica e a República Checa foram alguns dos países a comprometerem-se a acabar com esta prática.