Embalagens de plástico não reduzem o desperdício alimentar, diz estudo
As embalagens de plástico não estão a surtir o efeito desejado na redução do desperdício alimentar, revelou um novo estudo elaborado pelo Instituto para a Política Ambiental Europeia para as organizações Friends of the Earth Europe e Zero Waste Europe.
Segundo o trabalho, a quantidade de embalagens usadas anualmente por pessoa cresceu, desde os anos 50, em paralelo com o desperdício alimentar. Atualmente, cada europeu usa 30 kg de embalagens de plástico e desperdiça 173 kg de comida por ano.
“O que este estudo mostra é que entre 2004 e 2014 vimos um aumento de 40 a 50% nas embalagens de plástico e a duplicação do desperdício de alimentos. E acho que isso realmente suscita fortes dúvidas quanto à validade do argumento, usado frequentemente pela indústria de embalagens, de que precisamos de plástico para evitar o desperdício alimentar”, disse Julian Kirby, da Friends of the Earth.
O plástico é utilizado para embalar 37% da comida vendida na UE, o que o torna o material mais usado em embalagens. Uma das principais vantagens citadas pelos fabricantes é a de que mantém a comida fresca durante mais tempo, reduzindo, consequentemente, o desperdício alimentar.
Meadhbh Bolger, da Friends of the Earth, defendeu que “embrulhar, engarrafar e empacotar comida em plástico não previne sistematicamente o desperdício alimentar e, em alguns casos, até o causa”.
“A indústria usa com demasiada frequência as embalagens de plástico de forma a comercializar comida, para nos encorajar a comprar mais do que precisamos”, contou Julian Kirby à Sky News.
Foto: Jedimentat44/Flickr
Os autores do estudo também salientam que os impactos prejudiciais do plástico no ambiente não costumam ser adequadamente avaliados quando são elaboradas políticas relativas à embalagem dos alimentos.
A maioria das embalagens de plástico é usada uma única vez antes de ser descartada e ir parar aos aterros ou aos rios e oceanos. 85% do lixo encontrado nas praias em todo o mundo é plástico. Desta percentagem, mais de metade são plásticos de uso único, como palhinhas, talheres e recipientes de plástico para alimentos.
“A indústria produtora de embalagens e a Comissão Europeia não estão a tomar as decisões adequadas em relação às embalagens dos alimentos”, afirmou Ariadna Rodrigo, da Zero Waste Europe. “A sua metodologia, que ignora frequentemente os impactos dos resíduos plásticos, resulta em conclusões que favorecem embalagens alimentares complexas que são impossíveis de reutilizar ou reciclar.”
A Comissão Europeia planeia revelar a sua proposta para reduzir os plásticos de uso único já em maio. Entretanto, alguns países europeus decidiram tomar medidas próprias, como a introdução de uma tara recuperável, em Inglaterra, para aumentar as taxas de reciclagem.
1ª foto: Anna Gregory/Flickr