Inglaterra vai criar tara recuperável para latas e garrafas de plástico e vidro
Para promover a reciclagem e reduzir a quantidade de resíduos que poluem os espaços naturais, a Inglaterra vai criar uma tara recuperável para as garrafas e latas de bebidas, quer elas sejam de plástico, vidro ou metal.
Isto significa que os consumidores terão de pagar um depósito quando compram as bebidas, o qual lhes será restituído quando devolverem a embalagem da bebida.
Cerca de 40 países – incluindo a Alemanha, a Suécia e Israel – e 21 estados norte-americanos têm sistemas semelhantes. As taxas variam consoante o tamanho da garrafa ou lata e muitos utilizam máquinas automáticas de recolha das embalagens que devolvem o dinheiro aos utilizadores.
Na Alemanha, a política de tara recuperável foi implementada em 2003 e 99% das garrafas de plástico são recicladas, uma percentagem que contrasta marcadamente com a taxa de reciclagem no Reino Unido, onde se reciclam apenas 43% das cerca de 13 mil milhões de garrafas de plástico vendidas anualmente.
“Não tenhamos dúvidas de que o plástico está a ter um impacto devastador no nosso ambiente marinho”, disse o secretário para o Ambiente do Governo britânico, Michael Gove.
“Já proibimos as micropartículas de plástico e reduzimos o uso de sacos deste material, e agora queremos tomar medidas relativamente às garrafas de plástico de forma a ajudar a limpar os nossos oceanos”, defendeu. “Precisamos de ver uma mudança nas atitudes e nos comportamentos. E está provado que estes sistemas são um poderoso agente de mudança.”
As informações detalhadas sobre o novo esquema estão sujeitas a consulta, não sendo ainda claro se todos os retalhistas terão de participar.
A Escócia já tinha anunciado planos para a criação de uma tara recuperável em setembro de 2017 e o País de Gales quer implementar um sistema que abranja todo o Reino Unido. Os ministros da Irlanda do Norte também estão a considerar esta medida.
“Estou muito satisfeita pelo facto de irmos finalmente ver os muitos benefícios que um sistema de depósito trará ao país, dos quais o menor não será a ausência de embalagens de bebidas a poluirem as nossas belas zonas rurais”, disse Samantha Harding, da Campanha para Proteger a Inglaterra Rural, uma organização que já defendia a necessidade de se criar uma tara recuperável no país há uma década.
“O que é importante é que os produtores pagarão agora a totalidade dos custos das suas embalagens, reduzindo o ónus dos contribuintes e criando um forte precedente para outros esquemas, nos quais o poluidor é que paga”, afirmou.
Elena Polisano, da Greenpeace, avisou contudo que o “governo deve ter o cuidado de evitar um esquema voluntário que só se aplica a alguns retalhistas”.
1ª foto: Richard Lochhead, ministro escocês dos Assuntos Rurais, usa uma máquina automática de recolha de garrafas e latas em Edimburgo (Cate Gillon)