O estranho caso das crianças retiradas a portugueses no Reino Unido
Os serviços consulares no Reino Unido sinalizaram, desde 2014, um total de 154 crianças portuguesas, das quais 20 foram encaminhadas para adoção pelos tribunais britânicos (18 na área consular de Londres e 2 na área de Manchester).
Pais que ficaram sem os seus filhos, que lhes foram retirados abruptamente pelos Serviços Sociais Ingleses. Na maior parte dos casos, sem que houvesse prova de maus tratos ou de negligência.
A Plataforma “Advogados Portugueses contra as Adoções Forçadas” foi criada para prestar apoio jurídico às famílias portuguesas a quem os serviços sociais do Reino Unido retiraram crianças ou que estão sob vigilância das autoridades, que já reúne cerca de 4000 pessoas e 300 advogados disponíveis para trabalhar ‘pro bono’. Criada em outubro, a plataforma já conseguiu resolver, com sucesso, dois casos de famílias portuguesas que perderam os filhos no Reino Unido e, nos próximos dias, mais duas crianças portuguesas poderão também ser devolvidas aos pais pelas autoridades britânicas.
Pedro Proença, representante da plataforma, relatou que países como a Estónia ou a Letónia já apresentaram protestos formais junto do Governo inglês sobre a forma como estes emigrantes são tratados pelos serviços sociais no Reino Unido.
O representante da Plataforma denunciou o que disse ser um “negócio de milhões“, cuja “matéria-prima são as crianças”. A cada 15 minutos, uma criança é retirada aos pais no Reino Unido, conta a Tvi24.
De acordo com Pedro Proença, a lei no Reino Unido é “altamente permissiva” e permite fazer “uma análise subjetiva e quase de futurologia” sobre o que pode vir a acontecer à criança se permanecer com a família, e os serviços sociais canalizam os menores para casas de acolhimento ou famílias de acolhimento, que “são subvencionadas” pelo Estado inglês, que paga anualmente 2000 milhões de libras (2,2 mil milhões de euros).
As empresas privadas de adoção são, em muitos casos, geridas por funcionários dos serviços sociais e são altamente lucrativas – a principal agência de adoção do Reino Unido teve um lucro, no ano passado, de 125 milhões de libras (140 milhões de euros).
A TVI exibiu no início de outubro duas reportagens, resultantes de uma investigação da jornalista Ana Leal, que expõem um negócio que envolve as agências privadas de adoção e as famílias de acolhimento que chegam a ganhar, por criança, 700 libras (780 euros) por semana.
Veja mais na reportagem “Love you mom”
Fonte: Tvi24