Afinal, os bioplásticos também não devem ir para a compostagem industrial

Afinal, os bioplásticos também não devem ir para a compostagem industrial

20 de Setembro, 2022 0

Os bioplásticos ou plásticos biodegradáveis são produzidos a partir de resíduos agrícolas, como o milho, a cana-de-açúcar, a soja, o amido de arroz, entre outros. Como não são feitos a partir do petróleo costumam ser apresentados como soluções mais ecológicas. Há sacos do lixo biodegradáveis, cápsulas de café, embalagens, colheres, pratos, etc.

As empresas que comercializam estes bioplásticos dizem que estes são compostáveis em compostagem industrial. O problema é que não são assim tão biodegradáveis como dizem…

 

Como devemos descartar os bioplásticos?

Em 2018, perguntamos à Sociedade Ponto Verde se podíamos colocar bioplásticos no ecoponto amarelo e a resposta foi negativa.

“Os bioplásticos devem ser colocados no lixo indiferenciado. Devido à sua composição, não se enquadram em nenhum dos circuitos de valorização do sistema integrado de gestão de resíduos de embalagens (SIGRE)”, explicou a Sociedade Ponto Verde.

Recentemente, a Lipor publicou no Facebook a seguinte mensagem:

Os sacos compostáveis podem ser colocados no Contentor Castanho, dos Resíduos Alimentares? A ausência de contaminantes nos resíduos recolhidos é um aspeto fundamental para a viabilidade e sucesso de todo o processo de compostagem. A Central de Valorização Orgânica da LIPOR, recebe, valoriza e transforma os resíduos alimentares e verdes recolhidos num Composto de elevada qualidade – o Nutrimais. Realizados diversos testes com embalagens classificadas como biodegradáveis/compostáveis, podemos constatar que, findo o processo de compostagem, os materiais não sofreram a decomposição necessária para garantir a qualidade do produto. Por este motivo apelamos a que os mesmos não sejam colocados no Contentor Castanho, mas no Compostor (caso faça Compostagem caseira) ou então no Lixo Comum. Faça uma boa separação dos seus resíduos! Se tiver dúvidas, entre em contacto connosco. lipor.pt #valorizacao #valorizacaoorganica #bio #residuos #biorresiduos #organic #lipor

Publicado por Lipor em Quarta-feira, 14 de setembro de 2022

“Os sacos compostáveis podem ser colocados no Contentor Castanho, dos Resíduos Alimentares?

A ausência de contaminantes nos resíduos recolhidos é um aspeto fundamental para a viabilidade e sucesso de todo o processo de compostagem.

A Central de Valorização Orgânica da LIPOR, recebe, valoriza e transforma os resíduos alimentares e verdes recolhidos num Composto de elevada qualidade – o Nutrimais.

Realizados diversos testes com embalagens classificadas como biodegradáveis/compostáveis, podemos constatar que, findo o processo de compostagem, os materiais não sofreram a decomposição necessária para garantir a qualidade do produto.

Por este motivo apelamos a que os mesmos não sejam colocados no Contentor Castanho, mas no Compostor (caso faça Compostagem caseira) ou então no Lixo Comum”, escreveu a Lipor.

 

A Norma Europeia 13432

A Norma Europeia 13432 define os requisitos aos quais devem obedecer os materiais dessas embalagens de modo a que possam ser sujeitas a compostagem industrial. Esta norma estabelece que o produto tem de sofrer uma desintegração não inferior a 90% ao fim de 12 semanas ou 90% de transformação em água ou biomassa (composto) num período de seis meses.

A duração dos processos de compostagem industrial depende das características específicas do processo implementado em cada instalação.

A central de compostagem industrial da LIPOR, em Baguim do Monte, recebe e transforma os resíduos orgânicos, sendo que o seu processo de transformação dura 30 dias. Realizaram vários testes com embalagens classificadas como biodegradáveis/compostáveis, como cápsulas de café, sacos e colheres.

Ao fim dos 30 dias, os testes revelaram que as embalagens testadas não sofreram sequer a desintegração necessária, como mostram as imagens, principalmente no caso das cápsulas de café e das colheres.

 

bioplásticos depois de compostados

Foto: Materiais biodegradáveis/compostáveis depois de um mês no processo de compostagem | Viana Abraça

 

Quando isto ocorre, estes materiais são retidos num crivo (filtro) no final do processo e são encaminhados para o aterro. E aqueles que não é possível separar acabam por diminuir a qualidade do composto produzido.

Por este motivo, a Lipor desaconselha a colocação de embalagens biodegradáveis/compostáveis certificadas pela EN 13432 nos contentores castanhos.

A Lipor afirmou que está atenta à melhoria da natureza compostável das embalagens colocadas no mercado e caso esta recomendação se altere a empresa irá comunicá-la.

Segundo a Associação ZERO, a etiqueta “compostável” pode ser falaciosa; os plásticos compostáveis demoram aproximadamente seis meses a degradarem-se e a compostagem industrial assentam num processo de três meses, o que faz com que os processos sejam pouco compatíveis.

 

Cada vez mais marcas apostam nos bioplásticos para as suas embalagens

Recentemente, a UHU lançou uma embalagem com 58% de matérias-primas à base de plantas e a Mimosa lançou leites em que as embalagens são Bio-Based, ou seja, nas camadas protetoras da embalagem e na tampa usam polietileno de origem vegetal, fabricado a partir da cana-de-açúcar.

Mais marcas se vão juntar e o problema é que depois não existe tratamento para estas embalagens o que fará com que acabem em aterros.

 

Pioplásticos Mimosa e UHU

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