E se lhe saísse um rendimento básico de 1000€/mês numa lotaria? – Mein Grundeinkommen

E se lhe saísse um rendimento básico de 1000€/mês numa lotaria? – Mein Grundeinkommen

16 de Setembro, 2016 0

O projeto alemão de crowdfunding Mein Grundeinkommen (“O meu rendimento básico”) anunciou, a 23 de agosto, que sorteará e oferecerá a mais 7 pessoas 12 000€ ao longo de um ano, em pagamentos de 1000€ por mês. No total, já são mais de 50 as pessoas que receberam dinheiro grátis deste projeto.

Qualquer pessoa é elegível para participar na lotaria, independentemente da sua condição laboral ou económica. Para se registar no site, é necessário ter-se mais de 14 anos ou, no caso de crianças mais novas, participar através das contas dos seus pais. O dinheiro recebido pelos vencedores poderá ser gasto como estes quiserem, sem quaisquer condições.

Queremos saber o que acontece se nós, como sociedade, tivermos os meios financeiros para nos dedicarmos aos objetivos das nossas vidas em vez de nos preocuparmos com a nossa subsistência. Gostaríamos de encorajar as pessoas a confiar umas nas outras e a desfrutar de uma vida com significado. Estamos a levar o debate sobre o rendimento básico para além do mundo académico e para o nosso dia-a-dia”, lê-se no site da organização sem fins lucrativos Mein Grundeinkommen.

O projeto começou em 2014 para promover o conceito de um rendimento básico incondicional (RBI), um rendimento garantido atribuído a todos os cidadãos para cobrir as suas despesas básicas, como a comida, a roupa e o alojamento, quer estes sejam pobres ou ricos e tenham ou não empregos. O conceito apresenta-se, na opinião dos seus apoiantes, como solução para dois problemas distintos: na economia moderna, os salários de muitos empregos não chegam para financiar o custo básico de vida e até esses mesmos empregos poderão ter um futuro incerto com o desenvolvimento das novas tecnologias e da automação. Segundo o Partido Nacional escocês, tem ainda “o potencial de fornecer uma base para se erradicar a pobreza, tornar o trabalho compensador e garantir que todos os cidadãos possam viver com dignidade.

“Para poderem trabalhar criativamente, as pessoas necessitam de alguma segurança, precisam de se sentir livres. E podem consegui-lo com um rendimento básico”, defende o fundador do Mein Grundeinkommen, Michael Bohmeyer. Michael tinha deixado o seu emprego como web developer e estava a viver das ações da sua antiga empresa, quando decidiu procurar uma forma de oferecer rendimentos regulares, financiados por crowdfunding, ao público geral.

Hoje em dia, o projeto oferece salários de um ano a mais de uma dúzia de pessoas, anualmente. Qualquer pessoa se pode registar no site (a versão em inglês do site encontra-se em construção), tanto para fazer uma contribuição para os salários, como para se inscrever na lotaria – ou ambas as opções. E como o rendimento é “universal”, qualquer um o pode receber. Prova disso é um dos primeiros premiados do projeto, Robin, de apenas 8 anos.

Seguindo o exemplo deste projeto, a organização norte-americana My Basic Income, que recebe donativos a partir do site de crowdfunding Patreon, ofereceu, em junho deste ano, o seu primeiro rendimento básico de cerca de 13 000€ a uma pessoa da Flórida. A organização holandesa MIES ofereceu, em julho de 2015, um rendimento mensal de cerca de 1000€ a um cidadão holandês, que, embora já tenha deixado de o receber, afirmou que o tempo livre extra para passar com a sua família tinha sido fantástico.

Quando se oferece dinheiro às pessoas incondicionalmente, em termos gerais, elas gastam-no do modo que se espera que o façam. Mandam os seus filhos para a escola, compram comida melhor para a sua família, levam os seus filhos ao médico e por aí em diante”, declarou Evelyn Forget, economista da Universidade de Manitoba, Canadá, e investigadora do impacto sociológico dos projetos-piloto com um rendimento básico em Manitoba, que causaram, entre outros resultados, um aumento das taxas de conclusão do ensino secundário e uma diminuição das taxas de hospitalização.
Países como a Finlândia, a Holanda e o Canadá preparam-se para lançar projetos-piloto para testar um RBI.

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